Crédito de carbono: você já deve ter ouvido falar nessa ideia, mas sabe como ela funciona? A ideia, surgida em 1997, tem o objetivo de reduzir a liberação de gases do efeito da atmosfera, promovendo a conscientização socioambiental e impactando de forma positiva no meio ambiente.
O tema tem sido cada vez mais relevante, uma vez que o controle da temperatura global é assunto recorrente na mídia e vem preocupando os órgãos governamentais, cientistas e o consumidor mais consciente. Nesse sentido, as empresas têm papel importante no controle das suas fontes geradoras de poluição, buscando uma economia de baixo carbono.
Ao ler este artigo, você vai entender melhor o que é o crédito de carbono, como é o seu funcionamento e que benefícios ele pode trazer às empresas. Continue a leitura!
O que é crédito de carbono?
O Protocolo de Kyoto, assinado em 1997, foi o pontapé inicial para a criação desse mercado voltado à redução da emissão de gases responsáveis pelo aumento do efeito estufa, gerando valor monetário a ela. Na Organização das Nações Unidas, esse movimento é conhecido como Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL).
Desde então, os países desenvolvidos que assinaram o acordo têm que trabalhar para atingir as metas estabelecidas no documento quanto à redução da poluição. Assim, quando recebem o crédito de carbono, podem comercializá-lo a países ou a empresas que não atingem suas metas, em um sistema de compensação.
Veja as ações que devem ser tomadas pelos países desenvolvidos para atingimento da meta até 2020, de acordo com o Protocolo de Kyoto:
- maior eficiência energética;
- ações de proteção ao meio ambiente em área como florestas e matas;
- reflorestamento e manejo florestal sustentável;
- prática da sustentabilidade na agricultura;
- incentivo à pesquisa de tecnologias mais seguras, além do aumento do uso de formas renováveis de energia;
- redução dos incentivos fiscais a empresas e setores contrários às ações propostas pelo protocolo;
- diminuição da emissão de gases poluentes, entre outras.
Como funciona?
A organização do Protocolo de Kyoto desenvolveu três mecanismos para o mercado de crédito de carbono, que servem, para encorajar os países e suas empresas na redução dos gases do efeito estufa. Veja quais são eles.
Comércio de emissões
Os países desenvolvidos signatários do Protocolo de Kyoto que conseguirem reduzir as emissões, ou seja, que tiverem créditos sobrando, podem vendê-los a outras nações que ainda operam acima dos limites estabelecidos pelo documento. Isso é feito por meio de corretoras, como a European Climate Exchange.
Implementação conjunta
Nesse mecanismo, um país que sabe que não conseguirá atingir as metas sozinho pode se associar a outro que tem mais condições de redução dos gases, firmando um acordo de cooperação. Assim, os custos para a redução são divididos e o acordo permite a transferência de tecnologia entre eles.
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL)
Esse é o método que atinge mais diretamente os países em desenvolvimento, como o Brasil, pois eles não têm metas estabelecidas pelo protocolo, mas podem contribuir para seus objetivos. Assim, podem obter reduções certificadas de emissões (CER) e negociá-las com as nações que assinaram o documento, mas não conseguem atingir seus objetivos.
As áreas que estão no foco do MDL estão ligadas aos segmentos de transporte, florestal e energético, estimulando o desenvolvimento sustentável e a transferência de tecnologia entre países desenvolvidos e em desenvolvimento para a redução das emissões de CO₂. Também é o mecanismo que melhor envolve as empresas e a sociedade nesse processo.
No Brasil, os projetos nesse sentido devem ser aprovados pela Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima para que sejam qualificados a participar do programa. Segundo o Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), mais de mil projetos já foram registrados, o que representa 2,7 bilhões de toneladas de CO₂ equivalentes.
Como uma empresa pode se beneficiar dessa estratégia?
Empresas que conseguem comprovar suas reduções de emissão de gases do efeito estufa e obter crédito de carbono são beneficiadas economicamente com essa ação, pois podem comercializar esses créditos, revertendo os investimentos feitos em busca de sustentabilidade. As vantagens, além de financeiras, estão na imagem da marca, pois mostram ao consumidor sua preocupação com a qualidade de vida e com o meio ambiente.
Muitas empresas também têm usado o crédito de carbono de forma institucional, doando seus créditos à realização de grandes eventos, como as Olimpíadas ou a Copa do Mundo, por meio de campanhas como a Copa Sustentável, em 2014. Essa ação ajudou a reverter as emissões geradas pelo evento, devido ao aumento do uso de transportes ou, até mesmo das obras e da iluminação dos estádios.
O mercado de crédito de carbono é considerado uma commodity, ou seja, ele é um produto que segue os preços do mercado internacional. Pelos parâmetros mundiais, uma unidade de crédito de carbono equivale a uma tonelada de CO₂ que deixa de ser emitida ou que é retirada da atmosfera.
Veja algumas iniciativas e projetos que podem ser submetidos à aprovação da Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima para obtenção e comercialização de crédito de carbono:
- troca uso de energias poluentes por energia limpa;
- desenvolvimento de programas que visam à eficiência energética;
- uso de softwares que reduzem o consumo de energia.
Essas iniciativas, entre outras, contribuem diretamente com a redução da emissão de gases do efeito estufa e, quando aprovadas, podem gerar créditos para as empresas que as adotam. Existem, no mercado, organizações que atuam na consultoria para que as empresas desenvolvam seus projetos e, depois, possam colocar seus créditos à venda no mercado internacional, lucrando com o negócio.
O mercado de crédito de carbono é uma forma de envolver a sociedade e as empresas na redução dos gases do efeito estufa, promovendo a troca de tecnologia entre os países e adotando medidas sustentáveis, beneficiando o meio ambiente. Além de obter ganhos financeiros, as marcas ainda têm a vantagem de ganhar a confiança do consumidor atento às ações sociais promovidas pelas empresas.
E então? O que achou do nosso artigo? Os valores da sua empresa também estão alinhados à responsabilidade socioambiental? Então, espalhe essa ideia, compartilhado o post em suas redes sociais!